“Um povo sem memória é um povo sem história”

Por Rodrigo Martins em 16/01/2013

A frase que intitula este texto é muito usada por professores para dar aquele “puxão de orelhas” nos alunos que desconhecem, por absoluta falta de incentivo, ou de interesse, a história do país. E este é um assunto preocupante, porque hoje em dia estamos perdendo a referência do que é o Brasil. Há uma legião de jovens brasileiros, nascidos nas décadas de 80 e 90, totalmente desinformados sobre os fatos que, anos atrás, ocorreram em terras tupiniquins.

Por exemplo, conversando com colegas dias desses, me assustei ao saber que poucos deles sabiam da existência de uma ditadura civil-militar que governou o país por mais de duas décadas. E o pior, me horrorizei ao descobrir que muitos desconheciam o nome do primeiro presidente a sofrer um processo de impeachment (cassação/impugnação do mandato). E isso foi em 1992; fez 20 anos! Além disso, os nomes que sucederam Fernando Collor na Presidência da República (Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso), não soaram familiares aos ouvidos dos participantes da conversa.

Mas eles são culpados por não conhecerem os ex-presidentes ou o regime que governou o Brasil de 1964 à 1985? Eu os isento, em parte, desta culpa. Se Jean-Jacques Rousseau já dizia há séculos atrás que o ser humano é fruto do meio em que ele vive, o “meio” em que vivemos hoje é propício à alienação e a apatia dos seus membros. Diferentemente dos nossos pais, avós, bisavós; a cultura do instantâneo, do desapego, é a tendência da atualidade. Seja ela nas preferências musicais, nos relacionamentos… E porque não seria na memória histórica? Esse é um dos “Xis” da questão. Somos bombardeados diariamente com milhares de informações de todos os tipos, plataformas, e, no entanto, absorvemos o mínimo deste conteúdo ao qual somos expostos.

Outra possível resposta está na educação. Sim, a da escola. Aquela de base que, infelizmente, é precária no país. Desde a infância aprendemos o método da “decoreba”. Está tática, além de ser esquecida com o tempo, disfarça o aprendizado e o torna desinteressante e desestimulante. E isso se reflete na fase adulta, potencializada pela política educacional de formar profissionais extremamente técnicos, mas com dificuldades de raciocinar sobre os problemas sociais existentes nos país, fruto de processos históricos passados.

Diante deste cenário ficam as perguntas: A falta de interesse beneficia a quem? Para onde vamos sem não há um referencial? As respostas para essas perguntas devem ser debatidas pela sociedade, e não somente por meia dúzia de parlamentares (sei que é o dever deles, já que são eleitos pelo povo), ou oligopólios de comunicação. É muito bonito ver um político bater no peito e dizer que o Brasil de hoje é democrático. Politicamente pode ser que sim, mas estamos muito longe de viver uma democracia social. Igualdade esta que muitos brasileiros lutaram para conseguir, e, infelizmente morreram no caminho. Para sermos Nação forte no futuro, precisamos necessariamente entender o nosso passado.

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